Depois de semanas de ensaios e algum secretismo, estreou na passada quinta-feira o novo espectáculo do actor, autor e director italiano Pippo Delbono, no qual tenho a felicidade de participar. AMORE estreou com casa cheia no Teatro Storchi, em Módena e estará em cena até amanhã. Depois começa uma extensa e promissora tournée um pouco por toda a parte.
Read MoreLUZ FOI: novo single

Luz foi
Eu estava a ler ‘Geração da Utopia’
Imaginando como seria se o sonho não fosse só teoria.
Acendi uma vela,
me perguntei que diria Pepetela
Será que ele ainda acredita na dita nação escolhida?
Adoro Cinema

Adoro cinema. Gosto de dramas, histórias de amor que acabam mal, filmes históricos, políticos, filmes sobre inocência, ternura, quimeras, filmes de dança, documentários a preto e branco, filmes lentos para todos os dias, filmes de acção para domingo à tarde, filmes com dramas familiares, animações em plasticina, filmes simétricos, filmes asiáticos, filmes latino-americanos, filmes suecos, filmes sul-africanos, filmes com histórias de humanos
Read MoreEstrada da Samba - Vol.1
Fiz uma playlist no Spotify com uma hora de música angolana. Fui buscar as minhas vozes favoritas, algumas vezes em clássicos como “Tia” de David Zé ou “Teresa Ana” de Waldemar Bastos. Outras vezes fui revirar o baú da discografia de alguns artistas no spotify e encontrei raridades como “Dois Poemas Irmãos” de Bonga ou “Ene Adiá Ioso” de Carlos Lamartine.
Read MoreNostalgia Sessions

Estes dias publiquei no meu canal do YouTube a playlist completa das Insular Live Sessions, gravadas em 2015 nos estúdios da Valentim de Carvalho, em Lisboa. É um daqueles trabalhos de realização fantásticos do Nuno Neves e o som, sendo ao vivo e sem truques, soa a disco. Isso é porque quem captou e misturou o som foi o Sérgio Milhano. A banda é irrepreensível: André Moreira no baixo, Miroca Paris na bateria e o Marco Pombinho nas teclas e guitarra.
Read More"Ar Condicionado" estreia online amanhã
No final do ano passado aceitei o desafio de fazer a banda sonora de um filme. E adivinhem só? Todos vocês vão poder assistir a esse filme, o “Ar Condicionado”, amanhã, sábado, 6 de junho, dentro da programação indicada pelo International Film Festival Rotterdam (IFFR) para o We Are One. Trata-se de uma iniciativa que nos está a permitir assistir a alguns dos mais interessantes filmes independentes do ano no YouTube, por 7 dias. É uma forma de contrariar a paralização do sector, dos festivais de cinema de todo o mundo e das salas, ao mesmo tempo que decorre uma angariação de fundos para a OMS, juntando esforços no combate ao novo coronavirus.
O Ar Condicionado (Geração 80) é a primeira longa metragem de ficção realizada pelo Fradique, que para quem não se lembra, é o realizador de dois dos meus videoclips (“Tanto” e “Peit Ta Segura”). Neste caso, o guião foi escrito durante largos meses, a meias com o Ery Claver, que assina também a belíssima direção de fotografia.
…Sou uma grande fã deste filme. Acho que não há ninguém que lhe possa ficar indiferente. Luanda nunca foi representada assim, é uma outra dimensão, outro capítulo. “Ar Condicionado” é um filme que dilata o sentido do tempo e transforma o sentido das coisas. Então, tentem não perder a oportunidade de assistir.
“Ar Condicionado” é um filme que dilata o sentido do tempo e transforma o sentido das coisas.
Não me quero alongar demasiado neste texto. Quem sabe depois de verem o filme eu possa partilhar aqui com mais detalhe como foi o processo de fazer a banda sonora. O link para assistirem no festival We Are One é esse aí em cima. A partir de amanhã às 16h45 (hora de Luanda) começam a contar os 7 dias para verem o filme.
Oportunidade única para mergulhar num novo cinema angolano que muito nos enche de orgulho.
Bom filme :)
o caderno e a carta
Há muito tempo que não me sento para escrever. Há muito tempo que não me enquadro. Há muito tempo que me queixo, que praguejo, que me farto, que desapareço e que volto como quem regressa a um velho vício.
Foi a minha relação tóxica com as redes sociais, como consumidora dos seus conteúdos e perfis e estórias mal contadas, que me levou necessariamente a pensar sobre “como, quando e onde” eu quero comunicar com as pessoas que acompanham o meu trabalho. Não havia como virar as costas à internet inteira, nem acho que isso seja necessário ou desejável. Teria que ser “na internet” mesmo.
Passaram-me muitas semanas pelas mãos - ocupadas e indecisas, lentas e investigadoras - mas decidi avançar com o projecto de vos abrir este Caderno. Tenho outros tantos espalhados entre a estante, a gaveta e a caixa de memórias que guardo no fundo do armário do quarto.
O meu primeiro caderno (na altura chamava-lhe diário) foi-me oferecido num natal luandense, quando tinha 9 anos, pela minha madrinha Júlia. Lembro-me da capa num amarelo desbotado (ou será que foi do tempo?) e do trinco metálico com chave, que garantia a segurança dos meus maiores segredos. Quando se esgotaram as páginas, alguém me ofereceu o segundo. Era lilás e ligeiramente maior. Mais tarde, comecei a escrever em cadernos mesmo, sem trinco e sem chave. Guardava-os na caixa de memórias onde coleccionava bilhetes, fotografias, cartas, postais e poeminhas. Abrindo a caixa, encontrava-se logo uma nota com um aviso explícito e maiúsculo: “STOP. NÃO MEXER.” Enfim, não custava tentar apelar à consciência dos meus “housemates”: a minha mãe, o meu pai e a minha irmã mais nova.
Durante a faculdade, já em Lisboa, escrevi muito em folhas brancas, avulso, no impulso, sem ordem, nem paginação. Sempre me irritou o facto de começar sempre com linhas elegantes e limpas, com letra pequena, proporcional, ordenada, para depois descambar num traço gordo e profundo, que vincava o papel como braile e me deixava o pulso dorido. Não era bonito mas era simbólico. Nessa altura, os segredos transformaram-se num espaço de reflexão e desabado mais elaborado. As temáticas, sendo honesta com vocês, não eram assim tão diferentes das daquele diário primeiro.
E havia ainda as cartas. De vez em quando volto a elas, quando abro a tal caixa de memórias que guardo no fundo do armário do quarto. Cartas de amor, todas. Amor no sentido lato e real do termo. O e-mail veio roubar o lugar das cartas mas eu continuei a imprimir, durante um tempo, os e-mails que não queria perder. O que não queria esquecer. E guardava tudo na caixa de memórias, entulhada, quase sem poder fechar.
Como na minha vida sempre co-habitaram cadernos e cartas, decidi que para além deste espaço aqui, o Caderno, há também a Carta: uma newsletter exclusiva para assinantes. A diferença? Pensem neste Caderno como um palco numa praça pública e pensem na Carta como, talvez, a minha sala de estar. Ou a cozinha, que é onde acontecem as melhores conversas.
Não sei, não sabe ninguém onde isto vai dar. Não tracei um caminho, ou regras, não marquei a periodicidade, o formato, o género: nada. Vou improvisar, por enquanto. Afinal, essa sempre foi para mim a melhor parte da música.
[Fotos: Fradique]